Estudos do Design #4 - A Pedagogia da Bauhaus

        A Bauhaus foi uma escola de Arquitetura e Design que funcionou efetivamente no período entre Guerras (1919-1933), essa escola foi de uma importância imensa no quesito do ensino do design, tornando-se uma escola pioneira, entretanto seus fundamentos buscavam a origem do design e ela mesma se tornou um marco para a história e a pedagogia do design. De acordo com Lupton e Miller, "A Bauhaus assumiu as proporções míticas do momento originário da vanguarda, quando a gramática fundamental da visualidade foi desenterrada dos escombros do historicismo e das formas visuais" (Lupton e Miller, ABC da Bauhaus, p.), a Bauhaus tornou-se atemporal e o preceitos estudados na época tornaram-se a base para o estudo do design. 

        A Bauhaus unia arte, técnica e indústria. O mundo estava passando por severas transformações políticas/ideológicas e o design atuou como uma ponte entre o mercado e a massa. As pressões externas para um design como ferramenta de estruturação social fizeram a Bauhaus ter uma visão mercadológica, entretanto não deixaram os fundamentos e legado da escola "forma segue a função", utilizando formas básicas e produtos aparentemente simples. 
        A diferença de metodologia da Bauhaus para outras escolas de ensino da arte está justamente em seu objetivo global, o diretor Walter Gropius direcionava a escola para uma estrutura erguida em conjunto, a qual todos deveriam contribuir através do artesanato. "O objetivo final - ainda que distante - da Bauhaus é a obra de arte unificadora"(). A junção do artista e do trabalho era uma tentativa de ajudar a Alemanha a se reestabelecer economicamente já que havia perdido a Primeira Guerra e fora amplamente prejudicada. 

        A gramática da Bauhaus é seu grande diferencial, o triângulo amarelo, o retângulo vermelho e o círculo azul, são expressões visuais que de acordo com Lupton e Miller, "A repetição desse trio de formas básicas e cores primárias na obra de professores e estudantes da Bauhaus evidencia o interesse da escola na abstração e seu foco no aspectos da visualidade que poderiam ser descritos como elementares, irredutíveis, essenciais, fundadores e originais". 
        
        A personalidade de cada professor, cada um com sua própria bagagem cultural do país de origem e com experiências empíricas, exerceu grande influência sobre os alunos e pluralizou o ensino bauhausiano. Sendo assim, além do curso básico para reaprender o uso de formas e cores originais, o ensino baseia-se em uma pedagogia bem diversificada.

Vorkus de Johannes Itten 

        O Vorkus foi um curso preparatório, denominado, mais tarde, a base para os demais conhecimentos adquiridos na Bauhaus e obrigatório para os ingressantes recentemente chegados à escola. Tornouse um elemento, em parte, importante para a formalização do ensino que não era bem definido no programa da Bauhaus. A criação deste curso se deu por meio do pedagogo Joahannes Itten, com o objetivo de conceder ao aluno um contato com um mundo artístico e interior, introduzindo assim o desenvolvimento da sua capacidade de expressão e observação. 
        
        Segundo Droste, o princípio pedagógico de Itten se baseava em dois conceitos opostos de intuição e método. Para que seus alunos fossem em busca da descoberta subjetiva de cada material, Johannes procurava trazer o essencial e o contraditório, desenvolvendo neles a sensibilidade. Enquanto eram submetidos a estudos subjetivos, a eles era ensinado a teoria de contrastes, formas e cores. "O curso básico era uma introdução geral a composição, cor, materiais e formas tridimensionais que familiarizava os estudantes com técnicas, conceitos e relações formais consideradas fundamentais para toda expressão visual" (LUPTON & MILLER)

        Gropius em seu livro Novarquitetura, traz uma análise sobre o aluno que passa pelo curso básico de Itten, "Se ele não foi treinado a ter uma perspectiva do desenvolvimento orgânico, nenhum conhecimento e aplicação de motivos modernos, por mais elaborados que sejam, podem capacita-lo a realizar um trabalho criativo" (GROPIUS, W. Bauhaus. Novarquitetura), ou seja, os conhecimentos aplicados durante o curso são a base para toda uma carreira de desenvolvimento profissional. 

        “Design e forma”, Livro de Itten, o mesmo fala de maneira superficial sobre o curso básico da Bauhaus. A liberdade dada a Itten por Walter Gropius, seguindo três tarefas: liberar a criatividade, facilitar a escolha da carreira e transmitir princípios básicos do design, foi fundamental para que o pedagogo pudesse exercer sua função com maestria. 

        Com aulas que estimulavam as atividades sensoriais dos alunos, Itten conseguiu criar com os estudantes, experiências de interpretação e não de imitação. Segundo Gropius, a “[...] estrutura concêntrica da formação toda incluía desde o começo todos os componentes essenciais do projeto e técnica, para que o aluno dispusesse de uma perspectiva imediata do campo total de sua atividade futura” (GROPIUS, 1975, p. 38-39). 

        Após a aprovação no curso básico inicial, o aluno tinha contato com oficinas para integralizar e possuir maior dominância sobre os produtos, o que influenciaria em sua produção industrial. 
        
        Com tais apontamentos podemos concluir que a Bauhaus “[...] não se faz sentir apenas depois do fechamento definitivo do Instituto em 1933 e na emigração que a ele se seguiu de alguns professores e alunos (especialmente para os Estados Unidos); ela já está presente na República de Weimar, tanto na formação profissional de artistas, quanto na educação estética em escolas” (WICK,1989,p. 431- 432), considerada por muitos a origem do design e perpetuando-se na história por seus métodos de aprendizagem diferenciados, que permanecem em voga de maneira atemporal. 

Diagrama do currículo da Bauhaus.