É incontrovertível que o papel do grid seja uma pauta evidente e notória
no contexto hodierno, em virtude de que este se encontre presente em todos os
campos criativos, ademais facilitando o trabalho do designer com sua
originalidade e eficiência, uma vez que o grid oferece o poder de livre
organização composta e arquitetada perante as necessidades, pretensões e
aspirações da marca, projeto ou do designer que produz.
“O desenvolvimento do grid nos últimos 150 anos coincide com profundas mudanças sociais e tecnológicas na civilização ocidental”
(Samara, 2007, pg. 5 )
A utilização e história do
grid é consideravelmente antiga e em outras esferas como a escrita, contudo
ainda estava presente no inicio do século XX. É fundamental pontuar que a
revolução industrial e a primeira guerra trouxeram mudanças, entre as quais
envolve o campo da estética e da informação, frisando a necessidade de atender
uma demanda de consumo em meio a uma sociedade antiga, desprovida de muitos
recursos. Em vista desse cenário isento de artifícios, contudo ao mesmo tempo solicitava
uma busca pela publicidade, movimentos como o arts and craft vigoraram na época, assim como vários designers que
surgiram e trabalharam de modo racional, prática e funcionalista, trazendo
consigo muitas vezes princípios ideológicos da escola alemã Bauhaus. Em vista
dos fatos discorridos, esse desenvolvimento trouxe influência para muitas
vertentes artísticas, arquitetônicas e do design. Essa conjuntura era mesclada
com a realidade da industrialização, a qual fazia os designers procurarem
métodos para se expressarem de acordo com o espírito da época.
“todo trabalho de design envolve a solução de problemas em níveis visuais e organizativos, figuras e símbolos, campos de textos, títulos, tabelas, todos esses elementos devem se unir e transmitir a informação. O grid é apenas uma maneira de juntar esses elementos”
(Samara, 2007, pg. 22)
É compreendido por grid
qualquer conjunto de linhas traçadas com o intuito de criar ou moldar a forma
de um design, tendo, portanto, a função de atuar como um guia em meio ao
processo. O grid tem por dever fornecer uma estrutura tangente ao desejo do
designer, de forma consciente e resistente. Outrossim, envolvendo também o viés
de restringir, uma vez que ele funciona como um preceptor para moldar,
organizar e metodizar, auxiliando no papel de guia para assim, orientar
aplicações futuras de determinada marca de modo que seja condescendente e
coerente, não obstante é composto de regras especificas e diretrizes.
Entretanto, as restrições do grid podem ser efetivadas apenas quando o designer
desejar, visto que ele que está criando e desenvolvendo algo, logo se entende
como grid como um processo também de criação e expansão da criatividade,
podendo ser uma ferramenta de liberdade.
Dado os fatos supracitados, é
inegável que o grid seja capaz exercer um papel poderoso e fundamental, perante
todos os âmbitos estruturais e organizativos podendo ser soltos e constituir um
caráter natural ou podem ser ríspidos, precisos e fabris, ajudando designers a
lidar e resolver problemas relacionados à suas práticas de design, práticas
essas especificas com suas próprias particularidades e obstáculos, existindo um
tipo especifico de grid para cada problemática, todavia estão relacionadas com
a comunicação, podendo envolver uma alta complexidade.
“As vantagens de trabalhar com um grid são simples: clareza, eficiência, economia e identidade”
(Samara, 2007, pg. 22)
Quando o grid deve ser usado? O grid como atividade técnica e projetual,
pode ter o seu uso efetivado e justificado a partir da avaliação ponderada do
designer a respeito da utilidade do uso do grid, posto que o uso da ferramenta
possa depender do conhecimento, estudo e pratica do designer em referência da
estrutura projetual do grid, em virtude de que ter sabedoria e experiência
sobre o uso do grid resultam e influenciam na aquisição de uma percepção e na
formação de opinião fundamentada, podendo ser crucial para analise do designer,
se o uso do grid seria útil e eficiente ou não, se as circunstancias do projeto
são apropriadas e exigem o uso ou não ou se seria necessário e oportuno.
“Todo grid possui as mesmas partes básicas, por mais complexo que seja. Cada parte desempenha uma função específica.”
(Samara, 2007, pg. 24)
Existem uma quantidade ampla
de grids básicos, todos com suas especificidades e estruturas voltadas para
determinado fim. Cada tipo se dispõe e é destinado a tratar, regular, organizar
e estruturar problemas, questões e projetos específicos. A definição e a
escolha de um grid acontece no desenvolvimento e na avaliação de dois
processos. O primeiro deles o designer tem como papel avaliar quais as
necessidades e requisitos do produto, destarte, classificar por sua vez também as
individualidades informativas do artefato. Essa primeira fase é primordial,
visto que após a conclusão do grid, este se torna um sistema fechado, logo é
necessário ter entendimento dos aspectos do produto. Não obstante, o designer
deve ter noção das problemáticas e dificuldades que podem se manifestar durante
o processo de diagramar o material, como a ausência de informações em lugares
específicos da página, deixando lacunas vazias. A segunda etapa é relacionada
em ordenar o material perante os critérios do grid, é essencial frisar que o
grid não deve prevalecer sobre o conteúdo, considerando que o seu encargo é
ofertar uma estrutura, todavia respeitando a essência da obra. O designer tem como
função explorar, experienciar e analisar o seu grid, testando todos os seus
atributos e como eles podem ser úteis. É fundamental enfatizar que bom grid
proporciona o desenvolvimento e criação de conjunturas e unidades de forma
abundante.
“O grid retangular ou manuscrito é a estrutura mais simples. Como diz o próprio nome, sua estrutura básica.”
(Samara, 2007, pg. 26)
O grid retangular é
caracterizado por sua simplicidade em suas estruturas primária e secundária.
Tem como papel ordenar um texto corrido e extenso, como romances. Foi elaborado
a partir da escrita e estrutura do manuscrito tradicional, que no futuro
resultou na impressão de livros. Em sua estrutura primária estão a massa de
texto e as margens, já em sua estrutura secundária são definidas as proporções
e localizações de títulos de capítulos, cabeçalhos e espaços das notas rodapé.
Diante dos fatos destacados,
é necessário ter cuidado para que a leitura seja confortável, já que se trata
de textos corridos em uma mesma estrutura página após página. Haja vista, é
necessário criar interesse visual para que assim o leitor mantenha sua atenção,
fugindo do cansaço. Uma forma possível de desenvolver interesse visual é
ajustando as proporções das margens, alargando-as, dado que margens largas
podem ajudar no processo de foco do leitor e transmitem estabilidade. Ao
contrário das margens estreitas que podem aumentar a tensão. É possível também desenvolver
uma estrutura assimétrica que oferece espaço para notas importantes ou figuras,
cria também mais espaço em branco, o qual pode ser vantajoso para os olhos
descansarem. A escolha da fonte, seu tamanho e espaçamento são por sua vez
também, elementos cruciais na elaboração de interesse visual.
A informação descontinua se beneficia da organização em colunas verticais. As colunas podem ser dependentes umas das outras no texto corrido.
(Samara, 2007, pg. 27)
Descrito como flexível e
versátil, o grid de colunas pode ser utilizado como ferramenta de separação de
texto, o qual algumas colunas podem ser divididas de forma especifica controlando
a estrutura primária e possibilitando que o designer gere relações diretas com
os textos e os demais materiais como legendas ou imagens. A fonte que for usada
será importante e definirá a largura das colunas, cuja finalidade é definir uma
largura adequada e agradável, buscando não ser muito estreita, uma vez que pode
haver quebra de palavras e nem muito larga, já que o leitor pode desenvolver
uma dificuldade em achar o inicio das linhas. É valido ressaltar que em um grid
de colunas clássico, as margens comumente recebem como medida um valor que é o
dobro do valor recebido pela entrecoluna, isso pode resultar na diminuição da
tensão entre as bordas da coluna e a demarcação do formato. No entanto, esse
processo de definição de medidas não é uma regra, logo os designers têm a
liberdade de definir e projetar as proporções e medidas da forma que desejarem.
Adiante os elementos
apresentados, o grid de colunas possui uma estrutura subalterna, com suas guias
horizontais e os intervalos verticais, estas permitem a criação de
possibilidades acomodativas na pagina, assim como definem aspectos estruturais.
É adequado ressaltar que se houver a presença de assuntos ou informações com
temáticas e alusões diferentes dentro de um mesmo contexto, uma alternativa a
ser considerada é em vez de junta-los em apenas um só grid, procurar criar um
grid de coluna individual para cada temática, podendo ser um grid de colunas
composto por dois, três ou mais grids distintos designado a uma temática
particular e especifica. É importante pontuar também que grids de três colunas
e grids assimétricos são muito usados em leiautes editoriais.
“Um grid modular é essencialmente, um grid de coluna com muitas guias horizontais que subdividem as colunas em faixas horizontais, criando uma matriz de células.”
(Samara, 2007, pg. 28)
O grid modular é enfatizado por
conseguir suprir o papel de orientador de projetos mais complexos, posto que o
grid modular consegue apresentar um controle maior, normalmente usados para
regular e direcionar sistemas de publicações. Com suas guias que divide as
colunas, estabelecendo uma matriz de células, estas são chamadas de módulos. Existe uma esfera de informação
presente em cada modulo e quando unidos constituem as zonas espaciais que podem
ser inclinadas a possuir funções específicas. É importante salientar que
excesso de subdivisões pode ocasionar em desordem, confusão e uma repetição
excessiva e redundante. As dimensões de cada módulo podem ser definidas de
várias formas, dependendo da ênfase geral estabelecida pelo designer, podendo
então ter proporções nos módulos de modo vertical ou horizontal, a avaliação
das margens, a largura e a altura. Contudo, tem por objetivo maior encontrar
uma homogenia entre módulo e formato, pois assim encontra a harmonia no
conjunto, diminuindo também por sua vez os custos.
Destarte, de maneira
plurivalente, o grid modular atua também na composição de informações
tabulares, como formulários ou gráficos esquemáticos. É importante citar ainda
que a reiteração de um módulo ajuda na
padronização dos espaços das composições tabulares, como por exemplo as
tabelas, ajuda também a integralizá-los na organização do texto. Outrossim,
além da característica de ser pratico, o grid modular foi enaltecido e
relacionado a ordem política e social ideal durante as décadas de 1950 e 1980,
correspondente ao seu padrão estético e conceitual muito atraente para alguns
designers da época. Os ideais relacionados vêm das concepções da Bauhaus e do
estilo suíço que defendia o racionalismo e a clareza na forma e na comunicação.
Portanto, até mesmo projetos com uma entonação simples podem ser elaborados com
um grid modular, pois este acrescenta um maior senso organizativo.
“Às vezes as exigências visuais e informativas de um projeto demandam um grid especial que não se encaixa em nenhuma categoria.”
(Samara, 2007, pg. 29)
Entende-se por grid
hierárquico, uma ferramenta estrutural de organização que se adapta às
exigências da informação de forma intuitiva. Esta tem o poder de unificar
unidades heterogêneas e dispares ou de criar uma estrutura muito vasta com
poucos elementos e em apenas uma efetuação, como em um cartaz ou impressão. A
elaboração de um grid hierárquico inicia na analise dos elementos que
constituem e definem um texto ou um projeto em colocações espontâneas, posteriormente,
uma estrutura lógica e racional os direciona.
Depreende-se, portanto, que o
grid hierárquico é uma ênfase muitas vezes orgânica que coordena e direciona
hierarquicamente os elementos da informação presentes no texto, ademais unifica
estruturalmente todo o espaço de ilustrações e tipografia. Este tipo de grid
está presente em embalagens, visto que pode unificar lados e criar novos
arranjos, assim como as páginas de internet são o maior e o mais comum exemplo
de grid hierárquico, com seus alinhamentos atemporais e oscilantes conforme o
conteúdo visualizado, contudo, ainda se mantém sempre estruturalmente bem
integrados.
(Samara, 2007, pg. 30)
Conclui-se então que é indubitável
que o grid seja um mecanismo oculto de caráter estrutural, perante todo o
material do texto. Logo, é imprescindível que haja inúmeras formas de se
utilizar e manusear o grid com todas as suas infinitas possibilidades que ainda
auxiliam, harmonizam, regularizam e direcionam textos, projetos, leiautes,
sites, entre outros tipos de artefatos. Seu viés histórico é muito arcaico, em
uma realidade onde o que era grid não era denominado como grid, como por
exemplo, as bíblias que eram impressas durante a idade média, elas obtinham uma
estrutura guiada inconscientemente pelo grid. Mediante ao futuro durante ao
século vinte, recebeu influências da Bauhaus e de movimentos artísticos. Atualmente
continua atuando como um guia invisível, sendo de extrema utilidade para muitos
designers.
Bibliografia
SAMARA, Timonthy. Grid. Construção e desconstrução. São Paulo: Cosac Naify. 2007.
Ficha Técnica
Texto desenvolvido por Pedro Henrique
Figueiredo da Silva, sob a orientação do Prof. Dr. Rodrigo Bonfleur, para a
disciplina Introdução ao estudo do Design. O texto colabora com o projeto de
extensão “Blog Estudos sobre Design”
(http://estudossobredesign.blogspot.com/)
– Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Departamento de Artes –
Bacharelado em Design – Novembro de 2018.
Comentários
Postar um comentário